Tᴀʟ ᴄᴏᴍᴏ sᴀʟᴀ ᴠᴀᴢɪᴀ

Tᴀʟ ᴄᴏᴍᴏ sᴀʟᴀ ᴠᴀᴢɪᴀ

Tal como sala vazia,
Que coisa alguma a habitasse,
O meu coração jazia
Claustrófobo, inepto, triste.

Anulado no silêncio,
E já quase habituado
A sustentar, desde o início,
Apenas seu ar pesado. 

Porém, passados os dias,
Como árida terra em água,
Bebo de alegrias pias;
Seca-se o poço de mágoa.

A ausência agora é presença.
Reto é o caminho da ponte
Que os pés, sob luz intensa,
Seguem. E nunca mais contes,

Coração, com os covardes,
Mendaces lados, que fogem
Cruzando os finais das tardes,
Qual loucos, morrendo à margem

Da Meia-noite. Silêncio,
Que eu ouço os passos de alguém:
Silentes, calmos e imensos,
Passos que já sei de quem.

Procurei mas fui achado:
Mistério a que não atinas.
E cá adentro o ar soprado
Acaricia as cortinas.

[2013]

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